Altamente poluidora, indústria têxtil emite 1,7 bilhão de toneladas de CO2/ano. E pano não recicla

A indústria têxtil é uma das mais prejudiciais ao meio ambiente: emite 1,7 bilhão de toneladas de CO2 por ano e é responsável por 10% da poluição mundial. Outro problema do setor é que, normalmente, apenas 1% dos tecidos jogados fora pode ser reaproveitado para reciclagem e o restante é enterrado ou queimado, emitindo, assim, mais gases poluentes.

De acordo com o cientista Vivaldo Breternitz, professor da USP, a produção de roupas teve uma expansão absurda: subiu de seis quilos por pessoa por ano para 13 quilos nas últimas quatro décadas.

Atualmente, 62 milhões de toneladas são fabricadas por ano, mas até 2030 este número pode subir para 102 milhões.

Este dado revela o quanto, nos últimos tempos, o setor tem estimulado o consumo desnecessário, já que uma peça de roupa pode durar muitos anos. Ainda conforme levantamentos de Breternitz, hoje uma peça de roupa é 36% menos usada do que era há quinze anos.

“Isso acontece não só por mudanças na moda, mas também porque em geral, as roupas estão com menos qualidade”, conta o cientista.

Neste sentido, brechós e bazares são uma boa solução para diminuir o consumo de roupas novas (o que consequentemente diminuiria a produção) e dar utilidade para uma peça que não teria mais uso, mas ainda está em bom estado.

“No entanto, é difícil convencer o consumidor a controlar seus impulsos de compra, o que evidentemente não interessa às empresas. A solução é uma só: conscientizar as pessoas”, disse Vivaldo.

A quarentena, para quem pode ficar em casa, é um bom momento para rever a quantidade de roupas que tem no armário e separar o que não tem mais uso, o que pode ser descartado e o que ainda pode ser doado ou revendido.