O problema é a concentração de renda: os 10% mais ricos são responsáveis por 50% das emissões globais de CO2.

“As pessoas com maior poder aquisitivo consomem mais recursos, incluindo energia, alimentos e bens de consumo, o que pode resultar em maiores emissões de carbono”. A avaliação é de Fernando Beltrame, especialista em projetos de consultoria, sustentabilidade e estratégia Net Zero e CEO da Eccaplan.

Ele considera que a relação entre desigualdade social e emissões CO2 está atrelada aos padrões de consumo, acesso a recursos e desenvolvimento econômico.

A princípio a afirmação parece óbvia, mas o que assusta é que a diferença de emissões em razão do consumo é gritante: segundo a ONG Oxfam International, os 10% mais ricos do mundo são responsáveis por 50% das emissões globais de CO2. Já o 1% mais rico foi responsável por 16% das emissões em 2019. Esse valor equivale a mesma quantidade emitida pelos 66% mais pobres (5 bilhões de pessoas).

“Temos alimentos e terras suficientes para todos, mas o consumo está muito concentrado. A desigualdade das cidades é uma das grandes responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa, e não digo isso comparando somente às emissões das grandes indústrias, mas quando falamos de estilo de vida. Os mais ricos emitem muito mais”, disse Fernando Beltrame.

O Brasil tem muitos desafios, como acesso à água potável e saneamento básico para a população. “Como é que você vai falar para alguém que mal tem moradia, que ele precisa se preocupar com questão ambiental, gestão de resíduos, consumir certo tipo de material?”, questiona Fernando. “Temos que cobrar isso dos mais ricos”, conclui.