Conheça a economia circular da maior recicladora de alumínio do mundo

A latinha de alumínio que você descartou hoje, volta para a sua mesa em dois meses, embalando sua cervejinha gelada. O processo de reciclagem no Brasil é tão intenso que o ciclo do alumínio nas embalagens de bebidas marca um recorde mundial de reaproveitamento, sem perda de qualidade. A mesma latinha pode renascer centenas, milhares de vezes, em um processo praticamente infinito, talvez o maior exemplo de economia circular em plena operação.

O ciclo faz do Brasil um exemplo mundial em reciclagem: 97,3% das latinhas utilizadas voltam para o consumo e, como se a reciclagem no Brasil não fosse suficiente para incrementar a produção de novas embalagens, a Novelis, maior recicladora de alumínio do mundo, ainda importa latinhas descartadas da China para completar a produção de 135 mil toneladas por ano na fábrica de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, que o ECOinforme visitou na semana passada. Chegam a saem da fábrica 30 bilhões de latas por ano.

Enquanto o plástico navega rumo aos oceanos e se acumula em praias e manguezais, as latinhas fazem o caminho inverso: voltam pra casa, para as linhas de reciclagem da Novelis, onde são limpas de restos de bebida, cigarros, areia e todo tipo de material, muitas vezes acrescentado à embalagem para deixá-la mais pesada, resultando em maior peso e consequentemente maior valor na venda.

O alumínio é fundido, purificado, a tintura eliminada, tudo num processo automatizado: enormes prensas cortam, moldam e formam as latas em questão de segundos; o metal é fundido a mais de 700 °C e volta a brilhar como novo e é devolvido ao mercado em tempo recorde entre o descarte e a prateleira do supermercado.

As bobinas de alumínio são embaladas em lâminas de diferentes espessuras para serem destinadas a diversos setores, como a indústria automotiva, que usa o material para a produção de tanque de combustível, partes da lataria, peças internas. A Novelis fornece o material para a Ford Motor Company, que produz a picape F-150 toda de alumínio. Ou seja: a latinha que serviu para gelar uma cerveja, pode reaparecer como carroceria de automóvel, esquadria de janela ou fio elétrico.

Oitenta por cento do alumínio produzido pela Novelis vem da reciclagem, que reúne também sucatas de várias origens: panelas, embalagens, partes de carros, frascos de aerossol, eletrônicos e até embalagens de remédios.

“Ainda usamos 20% de alumínio primário, a bauxita, mas a tendência é aumentar a coleta de alumínio para reciclagem, o que vai proporcionar a redução do uso do plástico e embalagens cartonadas. Produtos como vinho, cachaça, água estão usando cada vez mais a embalagem de alumínio que, além de ser ambientalmente correta, mantém a temperatura do produto e gela mais rapidamente” explicou Francisco Carvalho, vice-presidente de Operações da Novelis.

O custo de operação com latas recicladas pode ser até 70% menor do que a produção a partir do alumínio primário, obtido da extração da bauxita. Isso porque, o reaproveitamento do metal consome até 95% menos energia elétrica, principal fator de custo na fabricação do alumínio.

Francisco destaca também que o uso de material recolhido propicia a inclusão social, com geração de renda para os catadores, centros de coleta e reciclagem. Famílias tiram sustentos da lata.

A Novelis reciclou 20 bilhões de latinhas de alumínio pós consumo, o equivalente a 60% do total recuperado no Brasil, evitando a emissão de seis milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.