Mais de 60º% dos 100 milhões de toneladas de resíduos gerados na construção civil são despejados todos os anos de forma ilegal no meio ambiente, contaminando solo, água e até bairros residenciais com metais pesados como chumbo, mercúrio e arsênio.
Os dados são da pesquisa da Abrecon – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição e revela uma crise ambiental silenciosa. Rafael Teixeira, especialista em reciclagem e logística da entidade, alerta que o País está diante de uma contaminação invisível, com riscos graves à saúde da população e aos ecossistemas. Entulhos contaminam água e solo em áreas residenciais com chumbo, mercúrio, cádmio e arsênio, entre outros elementos tóxicos, que provocam sérios riscos à saúde pública.
Segundo a pesquisa, o País gera 106 milhões de toneladas de entulho por ano, mas recicla apenas cerca de 25% desse total e destina de forma adequada entre 30% e 40%.
O descarte irregular compromete a saúde pública e os ecossistemas. Entulhos misturados com restos de tinta, metais e componentes químicos liberam uma variedade de elementos tóxicos — chumbo, mercúrio, cádmio, arsênio, fósforo, cromo e bário — que infiltram no solo e atingem lençóis freáticos, contaminando rios, poços e fontes de abastecimento. “Estamos diante de uma crise silenciosa. Os efeitos dessa contaminação são cumulativos e podem causar câncer, doenças neurológicas, alterações hormonais e danos irreversíveis ao sistema renal.
E, no entanto, o Brasil tem capacidade instalada para destinar corretamente até 81 milhões de m³ de RCD por ano, mas menos da metade dessa estrutura está sendo utilizada.