Prata, Ouro e Pra Tomar Ajoelhado, foram as medalhas conferidas às melhores cachaças na opinião dos Provadores de Cachaça, confraria que, há dez anos, reúne apreciadores de cachaça com o objetivo saborear, descobrir novos rótulos e valorizar a bebida genuinamente brasileira.
A entrega das homenagens foi feita nesta terça-feira (1/7/25), no Violla Gastro Bar, em São Paulo, com a presença dos jurados do Concurso, especialistas, produtores de cachaça e convidados.
Os presentes puderam apreciar os 23 rótulos ganhadores, escolhidos pelo júri em provação às cegas em maio último, em evento na Floresta dos Unicórnios, em São Paulo.
A Paixão Goiana surpreendeu com dois rótulos na categoria principal: a Amburana e a Carvalho. Surpresa porque era uma cachaça não muito conhecida dos confrades e também porque vem de um Estado que não tem grande presença no mundo comercial da bebida. Trata-se de uma bebida produzida na cidade de Alexânia, Goiás, e envelhecida em toneis de 200 litros.
Seis cachaças foram contempladas com a medalha Pra Tomar Ajoelhado. Além das Paixão, mais duas envelhecidas em amburana ficaram com a homenagem maior:
– Maria Clara, da cidade paulista de Itu, safra 2019, descansada por um ano no inox como cachaça branca e em seguida transferida para dornas de amburana de 700 litros e de primeiro uso, onde permanece por um ano. Em seguida, volta para o inox, para estabilizar. 45 graus de graduação alcoólica.
– E a Saliníssima, produzida em Salinas, Minas Gerais, o que mostra a preferência dos Provadores pela madeira brasileira. A Fazenda Matrona, produtora da Saliníssima, não informa o tempo de envelhecimento.
A Wiba, do Mestre Wilson Barros, paulista de Torre de Pedra, foi o único blend (de carvalhos), a ganhar a homenagem top, uma cachaça envelhecida três anos com graduação de 40 graus. E a Casa Bucco foi a única branca no time principal, o que indica que as branquinhas não são todas iguais. Afinal, cada uma tem um processo de produção diferente, o que lhe confere características únicas, diferenciando-se no aroma, no sabor e até na tonalidade sutil; algumas brancas podem ser envelhecidas em madeiras que não alteram a cor – como o amendoim -, mas conferem à bebida sabor especial, além de maciez.
Sete cachaças ganharam a medalha Ouro, a maioria delas bebidas já bastante reconhecidas no mercado, mas algumas boas novidades. A pernambucana Sanhaçu bálsamo, de Chã Grande, é uma das consagradas, assim como a Engenho São Luiz (bálsamo e amburana), de Lençóis Paulista, a Colombina Cristal, da cidade mineira de Alvinópolis, e a tradicional Século XVIII rótulo Azul, de Coronel Xavier Chaves. As surpresas ficaram por conta da branca Nobre Cristal, de Cruz do Espírito Santo, na Paraíba, e da Três Pedras carvalho, da cidade de Bofete.
E dez cachaças receberam a medalha de Prata. Também entre as pratas, muita novidade, o que é um resultado gratificante para os Provadores de Cachaça, cujo principal objetivo é desvendar alambiques que produzem boas cachaças, mas que nem sempre encontram espaço para a divulgação de suas preciosidades.
Além das tradicionais Colombina (no jatobá), Terra Forte (no carvalho), Santo Grau (Reserva Amontillado) e o blend Extra premium da Casa Buco, receberam a Medalha de Prata outro cinco blends – Excelência Ouro (carvalho e jequitibá), Rozendo três madeiras, Arretada Vaquejada, Fazenda Boi Parido e Três Pedras Araribá – a Branquinha Maria Clara.
O casal Eric e Cibele vieram de Itu para receber a homenagem da Maria Clara, e Wilson Barros comemorou a medalha da sua Wiba. Já Ronaldo Guimarães se deslocou de Minas Gerais para comemorar a vitória da Terra Forte e ainda trouxe uma garrafa da lendária Correinha, de Curvelo, para oferecer aos presentes.
Pela Século XVII, os irmãos João Fernando e Francisco José representaram o pai Nando Chaves, e o casal Adalberto e Rosângela representaram a Paixão Goiana, ganhadora de duas medalhas Pra Tomar Ajoelhado. Norton Lopes recebeu as medalhas da Saliníssima e da Santo Grau, bebidas da Natique, e também abrilhantaram a festa os representantes da Colombina, Luciano Souto, e da Excelência, Marcio Guilhem, e representantes de outras confrarias, especialistas e cachaceiros amantes da marvada.