Imagine um hotel que propõe restrição ao consumo de água e energia, usa apenas madeira de árvores caídas para lareiras e fornos, há uso de luz natural, compra apenas produtos de pescadores e agricultores artesanais e produzidos sem uso de agratóxicos e dá apoio a projetos de reflorestamento local. Imaginou?

Na verdade, todas essas ações deveriam ser rotina em qualquer estabelecimento que propõe ações sustentáveis do ponto de vista do meio ambiente. Mas o ECO Camping vai muito além das propostas usuais de sustentabilidade

Incrustado nas montanhas do Parque Nacional de Torres Del Paine – uma área de 250 mil hectares onde vivem animais autóctones, como pumas, guanacos, gaviões, condores, lebres gigantes e cavalos selvagens – o hotel oferece à boa parte dos hóspedes, uma visão privilegiada das torres Del Paine da própria cama.

O empreendimento tem sua própria usina hidroelétrica, movida pela corrente de água natural que desce da montanha, movimentando seis pequenas turbinas, que, numa vazão de 10 metros por segundo, geram seis mil watz de potência, que atende 70% das necessidades.

Os outros 30% são gerados por painéis solares. Mas as restrições são poucas: apenas secador de cabelo e aquecedor de água são proibidos.

Mas o aspecto mais sustentável do Eco Camping é o tipo de construção. São 33 domus entre habitações, áreas de serviço, restaurante, sala de ginástica, de yoga e moradia dos empregados. Tudo construído sem usar um quilo de concreto. Os domus são feitos de alumínio e cobertos com vinil, sob uma plataforma de modo a não tocar no solo e portanto preservando o meio ambiente.

Além de proporcionar um visual inusitado, os domus oferecem grande aconchego. São dotados de banheiro, lareira, janelas que captam a luz solar, algumas com cozinha, e janelas que captam a luz do sol. E dão vista ao esplendoroso cenário protagonizado pelos picos nevados da Cordilheira, que começam a esbranquiçar neste mês de março, anunciando mais um rigoroso inverno, que promete temperaturas de  até 10 graus centígrados negativos.

As lareiras são alimentadas com paletes, pequenos grãos  compactados de resto de madeira que têm grande poder energético. A água usada é tratada e os resíduos dos banheiros são processados e se transformam em adubo,  que é utilizado na horta, assim como os resíduos da cozinha, que formam uma composteira.

As regiões da Patagônia e Terra do Fogo são exemplos de baixo impacto ambiental. É um dos lugares do mundo mais preservados, menos agredidos pela ação humana. É a consciência ecológica está arraigada na população.

O navegador Amyr Klink, comandante da nossa viagem Honda – Pra lá do Fim do Mundo, conta um episódio que mostra com clareza a preocupação dos locais com a sustentabilidade. Um turista ficou revoltado por ter perdido o seu drone na mata e pediu ao guia local que o ajudasse a encontrá-lo, preocupado com os U$ 3 mil perdidos.

O guia respondeu que iria, sim, ajudá-lo, a recuperar o equipamento, mas não está preocupado com o valor do drone e sim com o impacto que causaria a bateria de íon-lítio ao permanecer durante 100 anos poluindo o meio ambiente.

Veja o diário de bordo da viagem Honda – Pra Lá do Fim do Mundo