Nesta terça-feira (19), Dia do Índio, o MapBiomas divulgou dados mostrando que os povos indígenas são os responsáveis por retardar a destruição da floresta amazônica.

Segundo a coleta de dados de satélite, a perda geral de vegetação nativa no Brasil nos últimos 30 anos foi de 1,1 milhão de hectares. Dentre as categorias fundiárias, as terras indígenas estão entre as áreas mais protegidas. Elas ocupam 13,9% do território brasileiro e contêm 109,7 milhões de hectares de vegetação nativa, que correspondem a 19,5% da vegetação nativa no Brasil em 2020.

A perda geral de vegetação nativa no Brasil nos últimos 30 anos foi de 69 milhões de hectares. Dentre as categorias fundiárias, as terras indígenas estão entre as áreas mais protegidas.

Apenas 1,6% do desmatamento (1,1 milhão de ha) recai sobre estas áreas. Por outro lado, nas áreas privadas a perda de vegetação nativa chegou a 47,2 milhões de ha, o que representou 68,4% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil entre1990-2020.

Nos últimos 30 anos no Brasil as terras indígenas perderam apenas 1% de sua área de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas foi 20,6% em relação a perda de vegetação nativa dentro das áreas privadas.

Nos últimos anos, o desmatamento detectado pelo DETER na Amazônia se acelerou em terras indígenas tendo se multiplicado por 1,7 na média dos três últimos anos quando comparado com a média de 2016 a 2018.

A equipe do MapBiomas também comparou os alertas de desmatamento do Deter em territórios indígenas entre 2016 e março de 2022. Os números mostram saltos sucessivos, especialmente nos anos do governo Bolsonaro – tanto do desmatamento em geral, como do desmatamento por mineração.

Segundo o mapeamento de áreas de mineração do MapBiomas, de 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas cresceu 495%. As maiores áreas de garimpo em terras indígenas estão em território Kayapó (7602 ha) e Munduruku (1592 ha), no Pará, e Yanomami (414 ha), no Amazonas e Roraima. A quase totalidade (93,7%) do garimpo do Brasil em 2020 concentrava-se na Amazônia.

“Os dados de satélite não deixam dúvidas que são os indígenas que estão retardando a destruição da floresta amazônica. Sem seus territórios, a floresta certamente estaria muito mais perto de seu ponto de inflexão a partir do qual ela deixa de prestar os serviços  ambientais dos quais nossa agricultura, nossas indústrias e cidades dependem”, explica Tasso Azevedo, Coordenador do MapBiomas.

Texto: MapBiomas