O fotógrafo Érico Hiller conta as façanhas do seu novo trabalho em dois anos de expedições em todo o mundo
Na live da última quinta-feira (14/5/2020), o jornalista Joel Leite deixou de lado os assuntos relacionados ao setor automotivo e convidou o fotógrafo Érico Hiller para falar sobre a escassez de água no mundo, que atinge milhares de pessoas.
O fotógrafo, que se dedica a evidenciar problemas de desigualdade social no mundo através da fotografia, passou a estudar, desde 2018, os problemas de falta de água em dez países. O resultado será um livro, a ser lançado ainda este ano, e um filme documental que será lançado no começo de 2021.
O que fez Érico se interessar pelo assunto não está relacionado à água, mas à falta dela.
“Eu viajei para fotografar outros temas durante os últimos 15 anos e o que me chamou atenção foi que em todo lugar que eu ia, o problema da água estava lá e isso foi me incomodando aos poucos”, contou.
Ao visitar diferentes regiões, o fotógrafo notou o quanto a crise hídrica está ligada à desigualdade social e fez críticas.
“A água própria pra consumo humano é pouca e vai ficar cada vez mais suja, poluída, inacessível, estocada, desviada e o problema não é que tem pouca água, é a distribuição, é um problema exclusivamente humano”, disse.
O fotógrafo ressaltou ainda que a tendência, com tamanhos problemas, é que a água para consumo custará caro e apenas quem tiver dinheiro poderá pagar.
“Estão transformando uma coisa que é dada pela natureza, de direito humano, em algo meramente comercializável”.
Mas esta desigualdade social não é algo para o futuro, é atual e presente na sociedade. Os números do Ministério das Cidades de 2019 revelaram que 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável e outros 100 milhões não têm coleta de esgoto. Estas pessoas vivem nas periferias das cidades, sob risco de doenças e infecções.
Érico destacou o rotavírus, que causa diarreia agúda e mata cerca de dois milhões de crianças todos os anos.
“O rotavírus mata muito mais do que o coronavírus matou até agora. Sem desmerecer esta pandemia, de forma alguma, mas é necessário pensar isto para entender o quanto a falta de acesso à água tratada também é prejudicial”, explicou o fotógrafo.
Entretanto, a crise da água somada ao coronavírus mata mais ainda, já que sem água não se pode fazer o mínimo: lavar as mãos.
Joel e Érico debateram a indústria da água em três aspectos: primeiro sobre as novas formas de extração da água, como a Ô Amazon, que faz água da umidade; depois, sobre o preço da água para a população e também sobre a poluição causada pelas embalagens.
O fotógrafo destacou que o problema não é o uso do plástico, desde que quem consumiu recicle depois. Como uma solução para a poluição, Joel citou as iniciativas de venda de água a granel e da água em lata.
Expedição
Em 2019, Érico acompanhou Joel e Amyr Klink na expedição Pro Outro Lado da América, do projeto Por Terra e Por Mar em parceria com a Honda, registrando os melhores momentos e as paisagens icônicas que compuseram a viagem.
Kalyne Rannieri
Fotos: Érico Hiller