Marcio Motta

Quem vive no litoral de São Paulo deve ter percebido que os  pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) estão sendo avistados em muitas praias, de norte a sul do Estado. Só ontem aqui no Canto do Forte (Praia Grande, SP) avistamos três indivíduos no mar, próximos das ondas. Um exemplar foi resgatado de uma rede na praia de Maresias e solto no mar no último domingo.

Essa chegada estimula nossa curiosidade sobre o mundo natural e uma das perguntas é: de onde eles estão vindo?

Sabemos que eles partem do sul do continente americano, possivelmente na costa Argentina (embora existam colônias nas Ilhas Malvinas/Argentina e Chile). As paisagens patagônicas da Província Chubut abrigam uma fauna espetacular e uma das áreas habitadas pelos pinguins é a costa de Punta Tombo

Veja o vídeo produzido pela Marina Leite para o Viva Instituto Verde Azul (2018)

A colônia ali estabelecida pode abrigar milhares de indivíduos, que começam a chegar nas praias de no final de agosto. Primeiro chegam os machos e depois as fêmeas, ocupando muitas vezes os mesmos ninhos construídos em temporadas anteriores.

Como é possível ver pelos registros fotográficos que fizemos naquela região em 2018, muitos ninhos ficam distantes das praias (alguns até 800 metros), no meio da estepe patagônica, sob temperaturas que chegam a mais de 30º C no verão (muito diferente da visão que podemos ter de que os todos os pinguins vivem em regiões polares e muito frias).

As fêmeas botam até dois ovos no início de outubro e a incubação dura 40 dias. Tanto os ovos quanto os filhotes são cuidados pelo casal

Ao adquirirem experiência e autonomia, iniciam sua busca de alimento no mar.

Sendo assim, essa espécie é uma visitante durante o nosso inverno. Muitos dos indivíduos que são encontrados nas praias ou próximas delas provavelmente são jovens e podem estar cansados ou debilitados.

É possível ajudar? A recomendação é ligar para 0800 642 3341 (Programa de Monitoramento das Praias) ou 199 (Guarda Civil Municipal). Enquanto o resgate não chega, é importante tentar manter as pessoas afastadas, improvisar uma sombra e fazer silêncio. Com essas simples atitudes, aumenta-se a sobrevivência dessa espécie durante as extensas viagens.

O biólogo Marcio Motta é colaborador do Portal ECOInforme