Deu na Revista Nature: estudo feito por pesquisadores brasileiros prevê ponto de não retorno do bioma se nada for feito
A Amazônia pode atingir o início do colapso parcial ou total da floresta nos próximos 26 anos. O anunciou foi feito num artigo científico publicado na revista Nature nesta quarta-feira (14/01/24), por pesquisadores brasileiros, que preveem uma aceleração do aquecimento global.
Conduzida pelos pesquisadores Marina Hirota e Bernardo Flores, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a pesquisa teve a participação de brasileiros e estadunidenses, e foi financiada pelo Instituto Serrapilheira.
Os autores apontam como principais fatores de estresse na Amazônia o aumento das temperaturas, as secas extremas e os desmatamento e incêndios. E determinam os limites críticos para cada que, se ultrapassados, podem levar a colapsos locais, regionais ou mesmo de todo o bioma. O trabalho sugere medidas para reduzir esses riscos. Caso contrário, até 2050, 10% a 47% da floresta estará exposta a ameaças graves que podem levar a transições ecossistêmicas.
“O ponto de não retorno é isso: um ponto a partir do qual o sistema se retroalimenta numa aceleração de perda de florestas, e perdemos o controle”, disse o professor Bernardo Flores.
Uma perda florestal da Amazônia poderia acelerar o aquecimento global. A perda de florestas em grandes regiões da Amazônia reduziria a circulação da umidade atmosférica, o que afetaria o regime de chuvas não só em regiões próximas no continente, mas também em outras partes do mundo, como a Ásia e a Antártida.
A Amazônia começou a enfrentar problemas como o aumento das temperaturas, as secas extremas, o desmatamento e incêndios.
Todos os dias, as árvores da floresta amazônica bombeiam enormes quantidades de água do solo para a atmosfera, aumentando a concentração de umidade atmosférica. Na prática, as florestas aumentam as chuvas, e as chuvas aumentam a resiliência das florestas.
O problema, segundo os pesquisadores, é que os mecanismos que antes garantiam essa resiliência começam a perder força e a ser substituídos por outros que aumentam o risco de uma “transição crítica” – ou seja, o risco de uma perda florestal e proximidade de um ponto de não retorno.
Os pontos críticos são:
O aumento na temperatura média global acima de 1,5ºC
Volume de chuvas abaixo de 1.800 mm
Duração da estação seca superior a cinco meses
Desmatamento superior a 10% da cobertura original da floresta
“Estamos nos aproximando de todos os limiares. No ritmo em que estamos, todos serão alcançados neste século. E a interação entre todos eles pode fazer com que aconteça antes do esperado”, disse Flores.