ONU alerta sobre pequena participação da mulher na Ciência

A matemática é exata ao apontar o desequilíbrio entre profissionais de ciências exatas no mundo: menos de 30% dos pesquisadores são mulheres, embora elas sejam 49% da população do planeta. Os dados são da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A questão não se restringe a fazer justiça e garantir direitos iguais para homens e mulheres que já estão no mercado de trabalho. A discussão também aborda as gerações que estão na escola.

Estima-se que 90% dos empregos do futuro exigirão alguma forma de habilidade em novas tecnologias, e as categorias de empregos que mais crescem estão relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática.  Só que menos de um terço das estudantes escolhe seguir essas carreiras. “Mulheres e meninas continuam extremamente sub-representadas. Os estereótipos de gênero, a falta de modelos visíveis e as políticas e ambientes sem apoio ou mesmo hostis podem impedi-las de seguir essas carreiras”, afirma António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em mensagem do Dia Internacional para Mulheres e Meninas na Ciência, celebrada nesta segunda, 11 de fevereiro. A data é promovida pela Unesco e ONU Mulheres em parceria com instituições em todo o mundo.

O tema deste ano é “Investimento em mulheres e meninas na ciência para um crescimento verde inclusivo”. “O mundo não pode se dar ao luxo de perder as contribuições de metade de nossa população. Devemos enfrentar equívocos sobre as habilidades das meninas”, disse Guterres.

A questão vai além de garantir mercado de trabalho, incentivo estudantil e direitos iguais. Um exemplo é a área de inteligência artificial. Soluções com base na diversidade são mais ricas, com diferentes pontos de vista, e por isso mesmo, possivelmente, menos enviesadas. Mas o risco está aí: segundo relatório recente do Fórum Econômico Mundial, apenas 22% dos profissionais de inteligência artificial em todo o mundo são mulheres. Elas são minorias nas grandes empresas como Apple, Google e Facebook.

No Brasil, a Fiocruz participou das celebrações do Dia 11 de fevereiro com debate sobre o tema.  A professora Nísia Trindade Lima, primeira presidente em quase 120 anos da instituição, destacou que o mais importante é a construção de políticas institucionais para superar dificuldades. Uma das iniciativas foi colocar no último edital de pesquisa uma cláusula considerando o tempo de gestação e os primeiros cuidados com os filhos na avaliação dos currículos. “A nossa proposta é que a política científica cada vez mais tenha atenção para políticas institucionais que possam permitir a correção dessas desigualdades”, afirmou.

Sabrina Pires, especial para o ECOinforme
sabrina@ecoinforme.com.br