Por MARCIO MOTTA

Diante dos recentes pronunciamentos do atual Governo Federal sobre os cortes nas diferentes áreas da Educação, Ciência e Tecnologia do país, diversas manifestações contrárias às medidas ocorreram nos últimos dias em diversas cidades brasileiras. Uma iniciativa chamou a atenção: cientistas das universidades públicas e dos institutos de pesquisa do Estado de São Paulo foram à Avenida Paulista para mostrar à população o trabalho desenvolvido em suas pesquisas científicas.

O movimento foi organizado pelo Grupo Cientistas Engajados, formado em 2018 por pesquisadores da Universidade de São Paulo e hoje conta com pesquisadores e docentes de diferentes universidades brasileiras. Segundo informações publicadas no website do grupo, “a finalidade do grupo é aumentar a representatividade da ciência no cenário político do País, ampliando a visibilidade da área, fundamental para o Brasil e o mundo, e ampliando o diálogo da academia com a sociedade”. Tem como integrante um dos cientistas mais conhecidos na atualidade, Walter Neves, biólogo, arqueólogo, e antropólogo evolutivo brasileiro, professor aposentado do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Foi responsável pelo estudo de Luzia, o esqueleto humano mais antigo do continente americano.

Para o professor Walter a ação visa também fazer um contraponto à política de desinformação que está sendo colocada em prática para manchar a imagem dos pesquisadores perante a sociedade e, dessa forma, abrir espaço para a privatização das universidades e institutos.

O ato foi uma oportunidade para aproximar os cientistas da população, que muitas vezes não tem noção do que é pesquisado e como essas pesquisas impactam a vida das pessoas. Projetos relacionados com saúde pública, monitoramento ambiental e resíduos sólidos foram temas de discussão entre pesquisador e as pessoas que passavam pela Avenida Paulista, bem como o papel social que a universidade pública desempenha na sociedade.

É extremamente importante que iniciativas como essa possam ser divulgadas e estimuladas para que ocorram com mais frequência em outras partes do Brasil. Dessa forma, a população terá a oportunidade de acessar e entender a produção científica brasileira e assim começar a querer produzi-la também, se unindo ao coro contra a balbúrdia realizada por nossos governantes nos últimos meses.

Márcio Motta é biólogo, autor do blog Tendilhão e colaborador do ECOinforme